História dos Ursos


fonte: Wikipedia

Urso é uma subcultura da comunidade gay masculina com eventos, códigos e identidade específica. Urso também é a descrição de um tipo físico de homens.

Ursos tendem a ter corpo peludo e barba: alguns são muito grandes ou pesados; alguns projetam uma imagem masculina de aparência bruta, porém nada disso é requisito ou indicadores únicos. Alguns ursos dão muita importância para a aparência hiper-masculina e podem evitar, até mesmo olhar com desdém, para homens que apresentam “efeminação”, embora muitos ursos sejam “efeminados”.

O conceito de urso pode funcionar como uma identidade, uma inscrição e até um ideal para viver, e ainda existem debates nas comunidades ursinas sobre o que constitui um urso. Há ainda aceitação maior de tatuagens e piercing nas comunidades ursinas, entretanto, a questão principal da comunidade ursina reside na aceitação corporal em oposição aos ideais de beleza (homens magros/musculosos e lisos) difundidos pela comunidade gay mainstream que incorporou em vários aspectos os ideais da cultura heteronormativa.

Bandeira internacional da comunidade dos Ursos,
criada por Craig Byrnes em 1995

ORIGENS

Urso é uma referência metafórica, na comunidade gay, ao animal do mesmo nome com notáveis características semelhantes. Dizem que esta análise deve seu inicio à uma publicação feita por George Mazzei à uma revista LGBT americana, The Advocate, em 1979. No artigo, intitulado “Quem é quem no Zoológico?”, o autor relaciona o homem a diversos animais, incluindo o Urso. O urso é gordo, peludo, musculoso e destemido, e da conciliação destas qualidades surge o cerne do conceito de Urso.

Não é coincidência que os ursos são normalmente muito semelhantes à aparência do ideal do norte-americano de lenhador. Lenhadores frequentemente encontram ursos e os dois sempre foram associados entre si. Um conflito romântico das imagens do urso e do lenhador fornece seu recurso metafórico. Lenhadores foram romantizados na cultura gay muito antes da chegada do conceito de Urso, e o conceito de Urso mantém fortes os traços desse ideal mais antigo. Os homens gay recorrem ao lenhador ao seu nível estético, mas também pela razão de sua homossocialidade. Por serem uma classe operária, e por seu isolamento da sociedade urbana (e, consequentemente, da cultura gay principal) despertou uma fantasia de segredo e libertação, com uma definição norte-americana bucólica e rural.

A auto-identificação dos gays como os ursos surgiu em São Francisco na década de 1980 como uma vertente do gay motociclista e depois o couro e comunidades “girth and mirth” (Cintura e alegria, uma outra subcultura da comunidade gay de gordos e obesos). Ela foi criada por homens que sentiram que a cultura gay principal não aceitava muito bem homens que não se enquadravam no estereótipo “Twink” (jovem e sem pêlos). Além disso, muitos homens gays na América rural nunca se identificaram com o estilo de vida urbano estereotipado, e foram à procura de uma alternativa que fosse mais semelhante à imagem americana de homem trabalhador.

Richard Bulger, editor, e seu parceiro, Chris Nelson, deram início a revista Bear Magazine[6] – que originalmente era um panfleto fotocopiado – em seu apartamento em São Francisco em 1987. Por um período de cinco anos, a revista cresceu a uma distribuição internacional em formato envernizado, mas intencionalmente mantendo o visual da fotografia preto e branco. Sua companhia, Brush Creek Media Inc., obteve o registro do nome “Bear” para a revista masculina em 1991. Homens barbados, rurais e de classe operária eram idolatrados na revista.

A subcultura ursina passou a fazer uso da Internet. Homens gays que não se sentiam bem-vindos nos encontros gays locais (ou aqueles que só queriam uma ligação rápida) encontraram acesso fácil e aceitação de pessoas semelhantes online. Esses homens se tornaram os primeiros adeptos de comunidades dos ursos.

A comunidade de Ursos se espalhou por todo o mundo, com clubes de Ursos em muitos países. Clubes de Ursos muitas vezes servem como redes sociais e sexuais dos coroas, dos peludos e dos gordinhos. Seus membros muitas vezes contribuem para as suas comunidades gay locais através de fundos ou outras funções.

A comunidade gay de Ursos constitui um nicho especial de mercado comercial. Oferece camisetas e outros acessórios, assim como calendários e filmes pornô e revistas destacando ícones Ursos como, por exemplo, Jack Radcliffe.

Como mais homens gays têm se identificados como Ursos, mais bares têm se tornado receptivos a esse público. Alguns bares atendem especificamente a fregueses Ursos. Como os Ursos se tornaram mais comuns na mais ampla cultura gay, e mais homens gays se identificam como Ursos, os Ursos agora são uma comunidade relevante na ampla comunidade gay.

NO BRASIL

O ideal de Urso chegou ao Brasil no final da década de 90, formando seus primeiros clubes na cidade de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasilia e Recife. Hoje a ideia já está bem difundida em diversos estados brasileiros como uma subcultura do movimento gay.

Os Ursos do Rio de Janeiro foram o primeiro grupo brasileiro a ser fundado e organizar os primeiros encontros entre ursos e simpatizantes, em 1995.